quinta-feira, 2 de junho de 2011

Culto como Profissão de Fé

Autor: Herminsten Maia
As partes do culto devem ser expressão do que cremos, de acordo com a Bíblia. Portanto, é necessário que tenhamos consciência do que falamos, cantamos e ouvimos. O “amém” não pode se transformar em “vãs repetições” desconexas, antes, deve ser fruto da fé e da compreensão do que foi falado e cantado. Desse modo, o culto deve ser compreensível aos participantes a fim de que todos possam fazer ressoar em seus lábios a oração de seu coração: “Amém!”.
Para a teologia reformada, é estranho avaliar o culto pelo grau de entretenimento e prazer concedidos ao “adorador”. Quando o culto é praticado com esses subterfúgios, o nome de Deus é usado em vão, de forma vazia e pecaminosa; quebra-se, assim, o terceiro mandamento. John MacArthur acentua:
Não ousemos menosprezar o principal instrumento de evangelismo: a proclamação direta e cristocêntrica da genuína Palavra de Deus. Aqueles que trocam a Palavra por entretenimento ou artifícios descobrirão que não possuem um meio eficaz de alcançar as pessoas com a verdade de Cristo. [...] Os que desejam colocar a dramatização, a música e outros meios mais sutis no lugar da pregação deveriam levar em conta o seguinte: Deus, intencionalmente, escolheu ­uma mensagem e uma metodologia que a sabedoria deste mundo considera como loucura. O termo grego traduzido por “loucura” [1Co 1:21] é “moria”, de onde o idioma inglês tira a sua palavra “moronic” (imbecil). O instrumento que Deus utiliza para realizar a salvação é, literalmente, imbecil aos olhos da sabedoria humana. Mas é a única estratégia de Deus para proclamar a mensagem.[1]
A história aponta para o fato de que onde a pregação bíblica se expande, a Igreja se fortalece; onde é minimizada ou substituída, a Igreja retrocede em sua espiritualidade, perdendo sua dimensão de povo de Deus no mundo.
Calvino comenta assim a expressão “culto racional” (Rm 12:1): “... Ao denominar o culto que Deus ordena de racional, [Paulo] repudia tudo quanto contrarie as normas de sua Palavra, como sendo mero esforço insensato, insípido e inconseqüente”.[2]
O culto a Deus é caracterizado pela submissão às Escrituras: “nisto consiste a verdadeira adoração”.[3] Calvino, nos adverte quan­to à tentativa de adorar a Deus conforme o “senso comum”:
Pelo que, nada de surpreendente, se o Espírito Santo repudie como degenerescências a todos os cultos inventados pelo arbítrio dos ho­mens, pois que em se tratando dos mistérios celestes, a opinião hu­manamente concebida, ainda que nem sempre engendre farto amontoado de erros, é, não obstante, a mãe do erro.[4]
O culto que não destaca a Palavra é corrupção das coisas sacras[5]. O culto reflete a maneira de perceber a Palavra de Deus, visto que nele se responde com fé em adoração e gratidão ao Senhor. Isso revela nossa teologia. É impossível teologia bíblica genuína divorcia­da de adoração bíblica; a chamada “flexibilidade litúrgica” é uma “flexibilidade teológica”, uma “teologia” de remendos, distante da plenitude da revelação bíblica e em acordo com a cultura circundante.
Em um documento da Igreja Presbiteriana Ortodoxa, lê-se algo extremamente relevante e que finaliza este capítulo:
O culto, então, não é algo feito superficialmente ou sem séria consi­deração. No culto os crentes professam e honram o caráter de Deus, em cuja presença eles entram, e quem os tirou de um estado de pecado e miséria. O culto sempre reflete a concepção que as pessoas têm de Deus. A verdadeira teologia produz um culto verdadeiro e aceitável. A teologia imprópria ou errônea produz falsa adoração. O culto não é uma questão de gosto: é uma declaração de convicção teológica.[6]
Notas:
[1] Com Vergonha do Evangelho, p.117-118, 130.
[2] Exposição de Romanos, p. 424-425. Para Calvino, a racionalidade legítima consistia em submeter o intelecto a Deus. Conferir também Confissão Belga (1561), art. 7.
[3] João Calvino, A verdadeira vida cristã, p. 29.
[4] As Institutas, I.5.13.
[5] João Calvino, O Livro dos Salmos, vol. 2, p. 403.
[6] A Igreja Presbiteriana Ortodoxa e o culto, p. 8a.
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Fonte: Fundamentos da Teologia Reformada, Hermisten Maia, Ed. Mundo Cristão, pág. 142-144.
Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org/adoracao/culto-como-profissao-de-fe-herminsten-maia.html#ixzz1O6itFANx
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