terça-feira, 6 de setembro de 2011

Atitudes de Jó diante de Deus em meio ao Sofrimento


Por Claudio Luis

jóCreio que muitos sabem da vida de Jó; Conhecem a história de Jó; Sabem que ele foi um homem integro e temente a Deus; Sabem que Jó sempre fazia sacrifícios por possíveis pecados de seus filhos, que ele tinha uma família e que vivia bem com ela; Nada lhe faltava, era um homem rico com muitas propriedades. Muitos já leram a história de Jó e perceberam que ele era um homem justo e, no entanto, foi triturado pelo sofrimento, massacrado pela dor e pela perda.

O Livro de Jó esboça uma postura de um homem paciente e sofrido que aceita calado as desgraças, assim como aceita da mesma forma as bênçãos da parte de Deus, conforme ele Expressa na passagem 1:21 “Nu sai do ventre de minha mãe e nu a ele voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: Bendito seja o nome do Senhor”.

O texto nos esclarece que Jó passou por uma tamanha provação, na qual, foi submetido a uma grande prova, um exame rigoroso para ver se sua piedade religiosa e sua integridade moral são produtos de uma atitude na vida pelo interesse ou por uma relação de gratuidade, lealdade e amor para com Deus.

Tal provação tem um tom um tanto cético por parte de Satanás que vai apostar na atitude interessada de Jó, que esboça uma fidelidade por não lhe falta nada. O pensamento é: Jó é fiel porque nada lhe falta. Nesta leitura, Satanás desafiou a credibilidade de Jó, enfatizando que ele é fiel porque é um homem rico de muitas propriedades e não passa por privações e nem situações adversas, por isso ele é fiel a Deus. Essa foi aposta de Satanás que sempre apostará contra o ser humano, porque vê a decadência da criação e da natureza humana que quase na sua totalidade expressa um coração interesseiro e movido pelos bens que tem (1: 8-12). Satanás também põe em dúvida a credibilidade de Jó, afirmando que se, além da perda de suas posses e sua família, ele sofresse e perdesse a sua saúde, então ele amaldiçoaria a Deus.

A astúcia de Satanás e apostar, pois ele, não sabe o feixe final na vida de cada pessoa, e neste caso, na vida de Jó. Só Deus tem esse poder, e Deus não aposta. Deus sempre está seguro da fidelidade desinteressada de seus servos que são fieis e que foram resgatados e eleitos para a Salvação. Os servos de Deus são servos fieis e são fieis não pelos bens materiais que possuem ou possam possuir, mas pelo que são diante de Deus.

O Livro de Jó vem ensinar e alertar a respeito do perigo de querer uma vida pautada nos bens materiais, de pensar que a riqueza pode trazer felicidade. O homem é como pó nas mãos de Deus e por isso, deve entender que a vida só tem sentido quando se tem comunhão com o Criador.

A Mensagem do livro de Jó vem ensinar que parar ser discípulos de Cristo é preciso ter a consciência que se possível, pode-se perder tudo; até a própria vida. Jesus certa vez disse: “Quem quiser ganhar sua vida, perdê-la-á, mas quem a perder por minha causa achá-la-á.

Jó perdeu tudo que preenchia e dava sentido à sua vida: família, bens, saúde e honra na sociedade. Jó não encontrava mais o sentido em sua vida ao ponto de amaldiçoar o dia de seu nascimento: “Então Jó abriu a boa e amaldiçoou seus dias dizendo: Morra o dia em que eu nasci, a noite em que formou-se em se disse: um menino foi concebido. Que esse dia transforma-se em trevas e que Deus lá do alto o ignore, que sobre ele não brilhe a luz..” O anseio pela morte é inevitável. (3:20-22)

Apesar de perder o sentido pela vida e desejar a morte. Jó passou a entender algumas coisas inevitáveis, tais como: as atitudes diante de Deus em relação ao sofrimento.

E estas atitudes foram marcadas pelas seguintes razões:

1) Jó reconhece a transcendência divina.

“Deus não é homem como eu” (9:32) Essa foi a conclusão de Jó. Deus não é nenhuma criatura e com ele não se brinca. Não que Jó brincava com Deus, pelo contrário, Jó sempre teve um temor para com Deus, por isso é que ele fazia sacrifícios por possíveis pecados de seus filhos.

Jó foi um homem que diante do sofrimento que estava passando reconheceu a ainda mais a transcendência de Divina. Deus não é homem como nós; Deus não é criatura, e sim, criador. Se o sofrimento que Jó estava passando poderia ser atribuído a Deus. Quem é o homem para questionar os seus planos. Ao reconhecer sua magnificência, os atributos divinos e sua onipotência, Jó se aterroriza diante deste Deus que tudo pode fazer e não cabe na estreita lógica humana questionar seus desígnios. É por isso que Jó diz: “Em seu poder está a respiração dos viventes e o alento da carne de cada um... O que ele destrói ninguém levanta; se ele aprisiona, não tem como escapar” (12:10). Tal reconhecimento é o entendimento de que Deus é o Criador, que comanda o sol e as montanhas e faz as coisas que vão além do entendimento humano, como descreve (9:10).

Jó reconhece a transcendência divina, reconhece que Deus está além de suas limitações e por isso, ele fica apavorado. “ Por isso fico apavorado em sua presença, só de pensar sinto medo dele; porque Deus tem me intimidado, o Todo-poderoso me enche de pavor” (23.15). Tal pavor é uma postura de reconhecimento para com um Deus que precisa a todo instante e em qualquer situação ser reverenciado e glorificado por suas criaturas. Isaías no capítulo 6 disse ai de mim estou perdido, porque estou diante do Deus todo-poderoso. Esta citação nos leva a pensar em outra atitude de Jó diante de Deus em relação ao sofrimento.

2) Jó reconhece sua condição de criatura

Enquanto que reconhecer a transcendência divina e reconhecer que Deus é Todo-Poderoso, o reconhecimento de nossa natureza humana é reconhecer que somos absolutamente dependentes de Deus. Jó expressa essa verdade no Cap. 10: 8-12 “As tuas mãos me plasmaram e me aperfeiçoaram, porém, agora, queres devorar-me. Lembra-te de que me formaste como em barro; e queres, agora, reduzir-me a pó?   Porventura, não me derramaste como leite e não me coalhaste como queijo? De pele e carne me vestiste e de ossos e tendões me entreteceste. Vida me concedeste na tua benevolência, e o teu cuidado a mim me guardou”.

Neste caso, o Jó que reflete neste quadro é um homem protrado na dor mais profunda, e que o mesmo, jamais ousa enfrentar o Deus Eterno, partindo da arrogância e da soberba humana. Jó não ousa enfrentar a Deus, como se julgasse absoluto e independente, pelo contrário, Jó nos dá um exemplo maravilho enfatizando que com Deus não se brinca, que nós mortais que somos, não temos se quer o direito de abrir a boca e dar ordens a Deus. A humildade de Jó vem ensina que todos são criaturas de Deus e, assim, não pode ditar o que Deus pode e não pode fazer. Existe uma teologia equivocada e determinista que diz que o homem deve dar ordens a Deus para realizar tais coisas. Isso é uma blasfêmia, é uma heresia. Como pode o finito conhecer o infinito, traça o cominho que ele de percorrer. Deus é infinito e o homem finito; Deus é o Oleiro e homem barro. Jeremias cap 8 diz: “Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? — diz o SENHOR; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel”.

Todo humanidade está nas mãos de Deus. E não tem o direito e o dever de questionar os planos do Senhor. Com isso, Jó toma outra postura diante de Deus em meio ao sofrimento.

3) Jó tem a certeza de que sua vida está nas mãos de Deus, que conhece, por antecipação, os dias, os meses e os anos de sua vida.

  O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação. Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece;   e sobre tal homem abres os olhos e o fazes entrar em juízo contigo? Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém! Visto que os seus dias estão contados, contigo está o número dos seus meses; tu ao homem puseste limites além dos quais não passará.

Neste contexto, pode-se perceber que não há mais próprio do homem que a vida. Entretanto, para Jó o homem não é dono de seu tempo, de sua atividade, quer dizer, de si mesmo. A vida não pertence ao homem. Ele não tem domínio sobre ela. Sejam ímpios ou crentes ambos não têm domínio e nem poder sobre suas vidas. Apenas Deus que é o autor de toda vida.

No entanto, aqueles que estão em Cristo, podem se considerar propriedade exclusiva de Deus, e assim, podem passar por tormentas, perseguições, enfermidades e tantas outras adversidades, mas nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Os salvos serão levados para eternidade, para a morada do Eterno, para mansão celestial que é a terra prometida. Jó enfrentou, passou por muitos problemas em sua vida que aos olhos da incredulidade humana trazem questionamos se o homem teria condições de passar por tamanha provação. Se pensássemos com os olhos de nossa incredulidade, jamais conseguiríamos, mas se tivéssemos a mesmas atitudes de Jó que suportou todas as coisas apresentando uma consciência de que sua vida estava nas mãos do Eterno, o homem conseguiria ter atitudes diferenciadas que possibilitam glorificar a Deus.

Conclusão.

A história de Jó além de tantas outras lições vem ensinar que em todos os momentos de nossas vidas, devemos estar cientes da transcendência de Deus, que Deus não é um ser qualquer. Ele poderoso, infinitamente poderoso, e como diz João Calvino: O conhecimento de Deus nos leva a conhecer a nós mesmos. Portanto, ao reconhecer a transcendência divina, também somos levados a reconhecer a nossa condição de criatura limitada, frágil e altamente dependente de Deus para viver, ou seja, que a nossa vida está nas mãos de Deus que nos conhece perfeitamente, porque foi ele quem nos criou e que todos os nossos dias Deus os sabe por antecipação. Deus conhece a nossa história, os nossos dias, os nossos meses e anos de vida. O salmo 139 reflete esta verdade que nos fala que o SENHOR nos sonda e nos conhece e sabe o quando nos assentamos e quando nos levantamos e de longe penetra em nossos pensamentos. Ele esquadrinha o nosso andar e o nosso deitar e conhece todos os nossos caminhos.

Que Deus lhe de força para superar todas as adversidades encontradas no caminho.

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