quarta-feira, 29 de junho de 2011

O incêndio de RomaO incêndio de Roma

 

Talvez o cristianismo não se expandisse de maneiratão bem-sucedida, caso o Império Romano não tivesseexistido. Podemos dizer que o império era um tambor degasolina à espera da faísca da fé cristã.Os elementos unificadores do império ajudaram naexpansão do evangelho. Com as estradas romanas, as viagensficaram mais fáceis do que nunca. As pessoas falavam gregopor todo o império e o forte exército romano mantinha a paz.O resultado da facilidade de locomoção foi a migração decentenas de artesãos, por algum tempo, para cidades maiores Roma, Corinto, Atenas ou Alexandria  e depois semudavam para outro lugar. O cristianismo encontrou umclima aberto à religiosidade. Em um movimento do tipoNova Era, muitas pessoas começaram a abraçar as religiõesorientais  a adoração a Isis, Dionisio, Mitra, Cibele eoutros. Os adoradores buscavam novas crenças, mas algumasdessas religiões foram declaradas ilegais por serem suspeitasde praticar rituais ofensivos. Outras crenças foramoficialmente reconhecidas, como aconteceu com o judaísmo,que já desfrutava proteção especial desde os dias de Júlio César, embora seu monoteísmo e arevelação bíblica o colocassem à parte das outras formas de adoração.Tirando plena vantagem da situação, os missionários cristãos viajaram por todo o império. Aocompartilhar sua mensagem, as pessoas nas sinagogas judaicas, nos assentamentos dos artesãos enos cortiços se convertiam. Em pouco tempo, todas as cidades principais tinham igrejas, incluindo acapital imperial.Roma, o centro do império, atraía pessoas como um ímã. Paulo quis visitar Roma (Rm 1.10-12),e, na época em que escreveu sua carta à igreja romana, vemos que ele já saudava diversos cristãosromanos pelo nome (Rm 16.3-15), talvez porque já os tivesse encontrado em suas viagens.Paulo chegou a Roma acorrentado. O livro de Atos dos Apóstolos termina narrando que Paulorecebia convidados e os ensinava em sua casa, onde cumpria pena de prisão domiciliar, ainda que,de certa forma, não vigiada.A tradição também diz que Pedro passou algum tempo na igreja romana. Embora não tenhamosnúmeros precisos, podemos dizer que, sob a liderança desses dois homens, a igreja se fortaleceu,recebendo tanto nobres e soldados quanto artesãos e servos.Durante três décadas, os oficiais romanos achavam que o cristianismo era apenas umaramificação do judaísmo  uma religião legal  e tiveram pouco interesse em perseguir a nova"seita" judaica. Muitos judeus, porém, escandalizados pela nova fé, partiram para o ataque,tentando inclusive envolver Roma no conflito.O descaso de Roma pela situação pode ser visto no relato do historiador romano Tácito. Elerelata uma confusão entre os judeus, instigada por um certo "Chrestus", ocorrida em um doscortiços de Roma. Tácito pode ter ouvido errado, mas parece que as pessoas estavam discutindo sobre Christos, ou seja, Cristo.Por volta de 64 d.C, alguns oficiais romanos começaram a perceber que o cristianismo erasubstancialmente diferente do judaísmo. Os judeus rejeitavam o cristianismo, e cada vez mais pessoas viam o cristianismo como uma religião ilegal. A opinião pública pode ter começado amudar em relação à fé nascente até mesmo antes do incêndio de Roma. Embora os romanosaceitassem facilmente novos deuses, o cristianismo não estava disposto a partilhar a honra comoutras crenças. Quando o cristianismo desafiou o politeísmo tão profundamente arraigado de Roma,o império contra-atacou.Em 19 de julho, ocorreu um incêndio em uma região de trabalhadores de Roma. O incêndio seprolongou por sete dias, consumindo um quarteirão após o outro dos cortiços populosos. De umtotal de catorze quarteirões, dez foram destruídos, e morreram muitas pessoas.A lenda diz que o imperador romano Nero "dedilhava" um instrumento musical, enquanto Romaera destruída pelas chamas. Muitos de seus contemporâneos achavam que Nero fora o responsávelpelo incêndio. Quando a cidade foi reconstruída, mediante o uso de altas somas do dinheiropúblico, Nero se apoderou de grande uma extensão de terra e construiu ali os Palácios Dourados. Oincêndio pode ter sido a maneira rápida de renovar a paisagem urbana.Objetivando desviar a culpa que recaíra sobre si, o imperador criou um conveniente bodeexpiatório: os cristãos.

Eles tinham dado início ao incêndio, acusou o imperador. Como resultado,Nero jurou perseguir e matar os cristãos.A primeira onda da perseguição romana se estendeu de um período pouco posterior ao incêndiode Roma até a morte de Nero, em 68 d.C. Sua enorme sede por sangue o levou a crucificar equeimar vários cristãos cujos corpos foram colocados ao longo das estradas romanas, iluminando-as, pois eram usados como tochas. Outros vestidos com peles de animais, eram destroçados por cães nas arenas. De acordo com a tradição, tanto Pedro quanto Paulo foram martirizados naperseguição de Nero: Paulo foi decapitado, e Pedro foi crucificado de cabeça para baixo.Entretanto, a perseguição ocorria de maneira esporádica e localizada. Um imperador podiaintensificar a perseguição por dez anos ou mais; mas um período de paz sempre se seguia, o qualera interrompido abruptamente quando um governador local resolvia castigar novamente oscristãos de sua área, sempre com o aval de Roma. Esse padrão se prolongou por 250 anos.Tertuliano, escritor cristão do século li, disse: "O sangue dos mártires é a semente da igreja".Para surpresa geral, sempre que surgia perseguição, o número de cristãos a ser perseguidoaumentava. Em sua primeira carta, Pedro encorajou os cristãos a suportar o sofrimento, confiantesna vitória derradeira e no governo divino que seria estabelecido em Cristo (lPe 5.8-11). Ocrescimento da igreja sob esse tipo de pressão provou, em parte, a veracidade dessas palavras.

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