quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

QUANDO A CURA NÃO VEM!

Parte 1
Entendendo a cura de milagrosa.

Vivemos dias maus no que diz respeito a como o cristão deve enfrentar as doenças. A incompreensão desse assunto tem trazido decepções, sentimentos de culpa e até mesmo desespero por parte de muitas pessoas sinceras.
Tudo isso, a meu ver, tem sido promovido por uma percepção de que a cura deve acontecer se a pessoa que pede tiver fé verdadeira. Tomam por base algumas  palavras das  Escrituras tais como: “a tua fé te salvou”; “a oração da fé salvará o enfermo”; “tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei” e etc...
Não é meu propósito analisar cada texto citado por pessoas envolvidas ou influenciadas pelo movimento de cura, mas gostaria de dizer alguma coisa baseado na minha compreensão do que acontecia no Novo Testamento. Será que, como querem alguns hoje, as curas ocorridas antes do findar do primeiro século da igreja também devem ocorrer hoje no mesmo grau de intensidade? Será que as pessoas que não são curadas são necessariamente incrédulas ou cristãos de pouca fé?
Em primeiro lugar, nem todas as pessoas curadas por Jesus tinham fé salvífica, ou seja, nem todas criam que Jesus era o Salvador, o Messias predito pelos profetas. Esse era o caso, por exemplo, dos leprosos que não voltaram para agradecer ao Senhor e do paralítico que sequer sabia o nome daquele que o curara.
Mas alguém pode argumentar: “Tudo bem! Mas existe aquela fé que não é salvífica, mas que é válida para a cura”, ou seja, tem gente que não crê em Jesus como Salvador, mas tem fé para ser curado. O argumento é que existe um tipo de fé diferente da primeira. Pois bem, eu pergunto, o paralítico do tanque de Bestesda tinha fé para ser curado por Jesus? ele cria no anjo, no tanque, mas não sabia quem era Jesus, muito menos que podia curá-lo. Antes mesmo de ter tempo de manifestar qualquer pedido, Jesus ordena que ele se levante. Algo semelhante acontece com o homem paralítico que é descido pelo teto da casa de Jesus. Podemos dizer que os homens que o levaram tinham fé, mas do paralítico não se houve nenhuma palavra. Sem querer radicalizar neste assunto, mas gostaria de perguntar que tipo de fé tinha os mortos que Jesus ressuscitou durante seu ministério? Que fé tinha a filha do chefe da sinagoga? Que fé tinha o filho da viúva da cidade de Naim? Qual foi o tipo de fé manifestada por Lázaro quando estava morto e enfaixado já a quatro dias dentro de uma sepultura?  Portanto nem todos os que foram curados por Jesus tinham fé nele como Salvador; nem todos tinham fé nele como operador de milagres; nem todos sequer estavam vivos para evidenciarem algum tipo de fé.
Em Segundo lugar, nem todos os que criam em Jesus como Salvador, que pertenciam ao seu povo, que foram líderes e que foram usados por Deus para operar milagres, tiveram todas as suas orações atendidas no que diz respeito à cura. O Caso mais notório é o do Apóstolo Paulo. Ele lutou até o fim da vida com um “espinho na carne” que o incomodava intensamente. Sua dor era forte e constante. Ele clama a Deus por três vezes, e fica sabendo que nunca ficaria curado daquela enfermidade. Será que Paulo não tinha fé? Então ele não tinha fé nem para curar os outros também não é? Porque ele mesmo diz a respeito de Trófimo: “deixei-o doente em Mileto”. Porque ele o deixou doente? ele não curou tanta gente? porque não “deixou” Trófimo curado? Porque ele achou que Epafrodito ia morrer? Porque ficou triste com sua enfermidade? Pelo visto Paulo também não deixou nem bons discípulos, porque Timóteo, diz as Escrituras, lutava contra “frequentes enfermidades” (1 Tm 5.23).
Podemos concluir que nem todos os fieis foram curados de suas enfermidades no período inicial da igreja. Todavia, é notório que a frequência dos milagres neste período era muito maior. Isso se devia ao fato de o caráter messiânico do ministério de Jesus e a mensagem apostólica terem de ser testificados como verdadeiros.
Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras de Cristo, mandou por seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo:   os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho.   E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço. (Mateus 11:2-6) 

Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade. (Hebreus 2:3-4)

Os milagres de Jesus tinham como propósito principal identificá-Lo como o Messias que haveria de vir. E os milagres operados pelos Apóstolos tinham o propósito de testificar que a mensagem que eles pregavam eram, de fato, do Messias que veio.
Isso significa que Deus não opera milagres hoje? É claro que não! Significa que Ele vai operar de acordo com Seus propósitos. Também não significa que tem que operar com a mesma intensidade do período inicial da igreja. Na verdade, as Escrituras nos dá a perceber que, à medida que o Dia do Senhor se aproxima, as coisas ficarão mais complicadas no que diz respeito à integridade física da igreja.
Essa história de que todos os que exercem fé podem ser curados de suas enfermidades físicas é no mínimo, uma tremenda estultícia, muito próxima de uma blasfêmia. Digo isso por causa do sofrimento que tem causado nas pessoas que estão angustiadas por acharem que não tem fé real, que Deus não as ama; e muitas que tem abandonado as igrejas decepcionadas com a experiência infeliz que tiveram.
Portanto, se você é cristão e tem uma enfermidade grave e, apesar das constantes orações, não foi atendido. Saiba que o Senhor nunca deixou de amá-lo, Cristo morreu na cruz para curar sua alma e o seu corpo. Mas a cura deste pode ocorrer agora ou no dia da ressurreição e glorificação do corpo. Porque a promessa de Deus está nesta última opção e não na primeira. Aconselho a você que não viva debaixo da opressão do milagre imposto pelos curandeiros de plantão. Ore ao Senhor, peça a Ele para que o Seu Nome seja glorificado na sua enfermidade, através da cura ou do amadurecimento espiritual que a mesma pode produzir em sua vida.
Deus os abençoe!
Pr. Mauro Renato
Ministro Presbiteriano

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