quarta-feira, 7 de março de 2012

AS ESCRITURAS E O PECADO

A.W Pink


Há seriíssimas razões para crermos que grande parte da leitura e do estudo bíblicos, nestes últimos poucos anos, não tem sido de grande proveito para aqueles que disso se tem ocupado. E vamos mais longe; pois tememos grandemente que, em muitos casos, isso tem sido antes uma maldição do que uma bênção. Estamos perfeitamente cônscios de que esta é uma linguagem dura, mas não mais forte do que o caso exige. Os dons divinos podem ser sujeitados a uso errôneo, e as misericórdias divinas podem ser alvo de abusos. Que assim tem sido, naquilo que aqui salientamos, é evidente através dos frutos produzidos.


Até mesmo o homem natural pode (e com freqüência o faz) atirar-se ao estudo das Escrituras com o mesmo entusiasmo e prazer que faria se estudasse as ciências. Quando assim faz, aumenta o seu cabedal de conhecimentos, mas também aumenta o seu orgulho. Tal como o químico atarefado em fazer experiências interessantes, o pesquisador intelectual da Palavra é invadido de satisfação ao fazer ali alguma descoberta; mas a alegria deste último não é mais espiritual do que a alegria daquele primeiro.
Outrossim, tal como os sucessos de um químico geralmente acentuam o seu senso de importância própria, levando-o a olhar com desdém para outros, que sejam mais ignorantes que ele mesmo, assim também, desafortunadamente, dá-se no caso daqueles que investigam a numerologia, a tipologia, a profecia bíblica e outros temas dessa natureza.
O estudo da Palavra de Deus pode ser levado a efeito com base em vários motivos. Alguns lêem-na a fim de satisfazerem seu orgulho literário. Em certos círculos tornou-se algo respeitável e popular a obtenção de um conhecimento geral do conteúdo da Bíblia, simplesmente por ser considerado como defeito de educação a ignorância dela. Outros lêem a Bíblia para satisfazer seu senso de curiosidade, como o fariam com qualquer outro livro famoso. Ainda outros lêem-na para satisfazer seu orgulho sectarista. Esses consideram um dever estar bem familiarizados com as crenças particulares de sua própria denominação, pelo que também buscam ansiosamente textos de prova que dão apoio ao que eles chamam de ''nossas doutrinas''. Ainda há aqueles que lêem a Bíblia com a finalidade de argumentar com êxito com aqueles que discordam de suas opiniões. Em toda essa atividade, entretanto, não há qualquer pensamento acerca de Deus, não há qualquer anelo pela edificação espiritual, e, portanto, não há qualquer beneficio real para a alma.
Assim sendo, de que maneira nos podemos beneficiar da Bíblia? A passagem de II Timóteo 3:16,17 não nos fornece clara resposta para essa pergunta? Lemos ali: "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." Observemos o que aqui é omitido: as Sagradas Escrituras não nos foram dadas a fim de satisfazer nossa curiosidade intelectual e nem nossas especulações carnais, e sim  para habilitar-nos para toda boa obra, e isso mediante o ensino, a reprovação e a correção.  

Fonte: Livro: Enriquecendo-se com a Bíblia, pg. 3 e 4

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