terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Jejum Bíblico


 Por: Claudio Luis

Algumas práticas têm caído em desuso nas igrejas evangélicas e quando fazem são levadas ao erro por questões doutrinárias e falta de conhecimento.
O texto de nosso estudo que se encontra em Mateus 6: 16-18 vem abordar a questão quanto a sua relevância em questões como:
É bíblico jejuar? O jejum é uma prática recomendada ao cristão em nossos dias? O que é certo no jejum?

O jejum não é nenhuma ordenança, por isso, sua prática se torna secundária. No entanto, não é algo que se deve ser banalizado no meio cristão. Jesus nos advertiu quanto ao modo de Jejuar: “Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam”.
O jejum apresenta algumas características e fins específicos. O que não é o caso do jejum que estava sendo praticado pelos hipócritas fariseus, pois, para eles, a finalidade era totalmente evidenciada em si mesmo, e assim,  tornava o jejum algo que defendia a imagem dos hipócritas fariseus como homens de uma intensa espiritualidade e de grande piedade. O jejum praticado pelos fariseus era semanal e jejuavam duas vezes por semana como podemos constatar na parábola do fariseu e publicano: “jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. Este jejum era altamente condenado por Jesus, pela seguinte razão: O  jejum neste caso era uma prática que geralmente se dava na segunda-feira e na quinta feira[1], porque estes eram os dias de mercado e assim haveria maior número de pessoas para contemplar a piedade deles. Era o jejum trombeteiro o que se assemelha com a passagem das esmolas: “Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens”. (Mt.6:2).
 Além do mais, este Jejum não tinha nenhum respaldo na lei ou nos profetas. No Antigo testamento há sinais para que o Jejum fosse realizado uma vez por ano na festa da expiação[2], conforme se é constato em Lv. 16:29-34.
O jejum que os fariseus praticavam era condenado por Jesus porque fugia do real propósito do jejum para dar lugar e evidenciar um jejum sem alma, que não é mais humildade diante de Deus; antes orgulho e arrogância[3].
No entanto, Jesus aponta um caminho totalmente diferente para seus discípulos enfatizando que o a prática do jejum apresenta uma conotação extremamente diferente dos fariseus. Eles devem jejuar sem hipocrisia, conforme SCIADINI.
A hipocrisia é abominável diante de Deus. Ele é verdade e exige de nós atitudes verdadeiras e honestas. O “jejum-máscara”, para esconder verdadeiros crimes que clamam contra a misericórdia do SENHOR, não agrada a Deus. Deus se aborrece com todo o fingimento e nos convida a uma verdadeira comunhão com Ele e com os outros”[4].

O jejum é uma prática dos conversos, do povo que verdadeiramente segue os ensinamentos de Deus. E na dispensação da graça que o motivo do jejum se evidência através de uma vida esperançosa, pois, o Messias não se encontra no meio de nós, mas há uma promessa que irá voltar, como se pode observar nas palavras do Mestre Jesus “Vieram, depois, os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus [muitas vezes], e teus discípulos não jejuam? Responde-lhes Jesus: Podemos acaso estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar”.(Mt. 9:14-15).

Assim sendo, a necessidade do Jejum é porque, o noivo não se encontra com a sua noiva. A igreja, neste caso, jejua esperançosa para chagada do noivo o que diferenciava dos fariseus que não pertencem à comunidade dos salvos, por isso, jejuavam para se parecer com algo que não era. Jesus enfatiza “Em verdade vos digo que eles receberam a recompensa”. Tal recompensa é analisada na parábola do joio em Mateus 13:24-30 “Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro”.

Qual o motivo do Jejum?
O jejum não tem respaldo para obter bens materiais, sua finalidade é para que os discípulos de Cristo se desliguem da substancia material através do esquecimento imediato das necessidades físicas. É assim, obtenham-se uma espiritualidade que visa crescimento, por isso, todo jejum é acompanhado de oração e leitura da Palavra, pois, o que se enfatiza é o reino espiritual. O verso 17 e 18 nos dá apontamentos quanto à questão:
·         O Jejum é uma pratica que interessa a quem prática e para que se prática;
·        Ele é espontâneo, no entanto, deve ser secreto;
 Neste caso, fica evidente que o jejum é para fortalecimento da espiritualidade e para intensificar o relacionamento com Deus. De tal forma, que este fortalecimento proporciona discernimento entre as coisas materiais e espirituais conforme se constata nos versos 19-21. Portanto, o cristão é capaz de distinguir as suas prioridades, se estão construídas sobre os tesouros depositados na terra ou se, estão estabelecidas sobre os tesouros que estão depositados no banco do céu.

Bibliografia

BAUER, Johannes Baptist. Dicionário bíblico-teológico. Edições Loyola, 2000. pg. 204.

SCIADINI, Patrício. Jejum o que é e como se faz. Edições Loyola, São Paulo, 1999. 7ªed. 64p.



[1] BARBAGLIO, Giuseppe, Os Evangelhos – Marcos e Mateus, p. 447
[2] Idem, p.134
[4] SCIADINI, Patrício, p.29

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