domingo, 12 de dezembro de 2010

A Justificação pela Fé no Conceito do Novo Testamento

O verbo justificar dikaiosu,nhdikaiosine” construído sobre a mesma raiz de justo dikaio,w “diakaioo”. É uma formação que denota a qualidade do homem justo,[1] o que etimologicamente, apresenta o conceito de absolver, declarar justo.
Segundo Hoekema, a palavra dikaio,w “diakaioo” no Novo Testamento é citado 39 vezes e pode ser traduzida por justo[2]  e em termo geral, significa “declarar alguém justo”[3], como descreve Lc. 18:14 “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado”.
Assim sendo, o caráter moral de uma pessoa, encontra-se em conformidade com a lei. O que confere o seu sentido forense, como descreve Berkof: “é declarar em termo forense que as exigências da lei, como condição de vida, estão plenamente satisfeitas com relação a uma pessoa”.[4] É dentro desse contexto que se pode observar o termo justificação a partir do seu sentido forense ou legal, que “interpreta a relação com Deus a partir do caráter jurídico da aliança veterotestamentária”[5] declarando que o pecador é justo.[6]
O termo forense apresenta uma idéia que Deus é o juiz que absolve o pecador, sem que o mesmo, tenha mérito em seus atos, embora, inocentado para estar em conformidade com as exigências de um relacionamento justo para com o juiz, o pecador só pode ser declarado justo, porque, segundo Hoekema, a fé é creditada em sua conta como justiça.[7] Sendo assim, pode-se perceber que a justiça é alcançada por meio da fé, e segundo Golppet, “a fé não é substituída por uma comunhão mística com Cristo, mas cria permanentemente a relação com Cristo”.[8] A justificação neste caso, refere-se ao ato divino de um Deus santo e justo que declara os pecadores como justo, desde que, as exigências sejam satisfatórias. Portanto, o conceito justificar é o ato de Deus em declarar o pecador absolvido de sua culpa. Rudolf Bultmann analisa este fato da seguinte forma:

A justificação é um termo forense. Ele não significa uma qualidade ética, não se refere a nenhuma qualidade da pessoa, e sim designa uma relação; ou seja, a pessoa não possui a justificação para si, e sim perante o foro o qual é responsável, no juízo de outrem, que lhe atribui.[9]

Para Bultmann, o ser humano tem justiça ou é justo quando é reconhecido e absolvido diante do tribunal de Deus, que lhe confere o direito de justiça mediante a fé com Cristo.
Não obstante, é importante ressaltar que o homem pecador não é colocado como inocente, mas é declarado justo, uma vez que, o amor de Deus manifesta o veredito em favor do homem, proporcionando assim, a sua justiça e trazendo-o para uma relação correta consigo mesmo.


[1] BROEN, Colin e COENEN, Lotthar. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. p. 1118
[2] HOEKEMA, Antony. Salvos pela Graça. p. 161
[3] Idem
[4] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, p. 471
[5] HOEKEMA, Op.Cit., p. 162 – Com Abraão entramos na época da revelação veterotestamentária da aliança da graça.
[6] Ibid., p. 161
[7] Idem
[8] GOLPPELT, Leonhard. Teologia do Novo Testamento, p. 370
[9] BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, p. 335 e 336.

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